quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

O Caso Sean Goldman


Nesse natal que passou fui coadjuvante de um acontecimento que jamais esperava que pudesse acompanhar da forma como consegui fazê-lo. Minha filha, que mora no Rio de Janeiro, estava para vir a Porto Alegre no dia 19 para passar o natal conosco. Conforme seus planos, trabalharia até as 14h da quinta-feira, dia 17, folgaria do tabalho a partir da sexta-feira e viria para Porto Alegre no sábado, dia 19 em voo ao final da tarde, chegando aqui à noite. Já ao final de nossa conversa via chat, perto da meia-noite do dia 16, ela recebeu um telefonema de Nova Iorque, EUA,  solicitando que trabalhasse como repórter free-lancer para ajudar a equipe da CNN a cobrir o retorno do menino Sean Goldman aos Estados Unidos. Naquele dia, seu pai, David Goldman havia ganho uma batalha que se desenrolava há quatro anos contra a família brasileira que detinha sua guarda, para levar seu filho de volta para os Estados Unidos.

Resumindo a história toda. David Goldman era casado com uma brasileira nos Estados Unidos, com quem tivera um filho, Sean. Após felizes quatro anos de casados eles se separaram e num belo dia ela pediu para visitar seus pais no Brasil e levar o menino Sean com ela. David permitiu. Porém, a mãe enamorou-se e casou (?) com um rapaz de uma abastada familia carioca, com quem teve uma filha. Após o nascimento dessa filha, ela teve uma hemorragia e veio a falecer. A familia do pai brasileiro pediu,e levou, a guarda do menino. David, então, entrou com uma ação (ou várias)  para trazer o menino de volta e só conseguiu os direitos de exercer a paternidade presente quando a justiça brasileira lhe favoreceu naquela quinta-feira.

Porém, ao chegar ao Brasil, quase que imediatamente, a justiça brasileira lhe negou novamente o direito de levar o menino, uma vez que a familia brasileira recorreu, e em tempo recorde para essas épocas conseguiu anular a decisão anterior.

A partir daí, até o dia 24 de dezembro, o que se viu foi uma batalha jurídica correndo contra o tempo para poder terminar antes do Natal, senão, quem sabe, terminaria somente após o carnaval. Os acontecimentos tomaram forma de resgate de um cidadão americano, como se vê em filmes de Hollywood. Zapeei a internet perpassando por várias empresas de notícias norte-americanas e o que para nós não passou de mais um evento midiático, para eles foi o acontecimento do ano. Todas as emissoras focavam a atenção no resgate do menino e se via que a pressão contra  justiça brasileira era enorme. Finalmente, ao apagar das luzes da antevéspera de Natal, o nosso STF julgou a sentença a favor do pai americano com caráter irrecorrível para a família brasileira. Foi uma choradeira só.

Por aquelas coincidências que nunca conseguimoes explicar, no mesmo dia o congresso americano, que já estava de recesso de Natal, voltou a se reunir em caráter de emergência para votar uma lei que favoreceria economicamente 130 países, quanto à retração de impostos de importação. E nesse dia o Brasil foi incluído na lista dos isentos. A família brasileira do menino Sean interpretou como se o menino estivesse sendo trocado como mercadoria para favorecimentos econômicos, sendo isso verbalmente exposto pela avó para toda a imprensa internacional.

Não quero entrar no mérito se o menino devria ficar ou não. Mas, como disse antes, o evento acabou se transformando num resgate de cidadão americano e muitos jornais de lá tratavam a matéria como sendo o menino "kidnapped" nas manchetes. Quem o resgatou foi o próprio pai, não sendo necessária a intervenção de Johnny Rambo ou do Bradock quebrando, explodindo e destruindo metade do Brasil para levar o menino embora. Na realidade, se teve alguma coisa quebrada, foram as pernas dos avós e do padrasto brasileiros pelo nosso bravo STF.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Primeiro Texto


Como se começa um primeiro texto? Nem sempre é fácil, principalmente quando se tem muitas idéias com temas diferentes para serem colocadas no espaço vritual da rede mundial de computadores. O pior exercício neste primeiro texto vai ser o de escolher qual dos temas será abordado, sem embolar com os outros temas. O bom é que isso aqui não é uma máquina datilográfica (a máquina-de-escrever, para muitos), pois não precisamos nos preocupar em apagar os erros, voltar o carro, subir uma linha, baixar linha, rebater por cima, entre tantas dificuldades encontradas naquela antiga facilidade. E outra, o papel não termina, pois aqui não existe papel, pois acreditamos estar escrevendo sobre uma tela pixelizada. Cada letra que aparece na tela na realidade é formada por uma sucessão de pixels (ou pixeis?) que se apagam numa ordem bem geométrica. Até certo ponto escrever na tela de um computador seria então uma atitude ecologicamente correta, pois não precisamos desmatar o ambiente para obter o papel; em compensação, precisamos que escorra muita água em alguma usina hidrelétrica, ou se queime algum combustível em alguma termoelétrica para que a energia elétrica flua pelos circuitos impressos da CPU do computador e mantenha acesos os outros pixels que fazem o fundo branco e colorido do restante da tela ligados. Não temos escapatória. Temos que optar pelo menos pior.

Mas por que escrever em um blog? Em outras épocas escrevíamos os tais diários em cadernos que na maioria das vezes eram trancados a sete-chaves e que só poderiam ser lidos através de autorização expressa do autor. Ou se esperava pela sua morte para poder violar consentidamente seus segredos e descobrir o que o morto pensava quando era vivo. Não posso deixar de mencionar que quando falo em diário, sempre me vem à cabeça o diário da Margarida, a namorada do Pato Donald ; "Querido diário . . . ", assim começava uma historieta em quadrinhos em que ela narrava alguma aventura ocorrida com o pato seu namorado (acho que só gente da minha geração entende o que falo quando menciono a Margarida . . .). Mas, voltando, o uso do blog permite um acesso imediato às nossas idéias, compartilhadas não mais apenas com nosso melhor amigo, mas com o mundo todo dos internautas que tenham interesse em ler alguma coisa de alguém. Ninguém vai precisar esperar eu bater as botas para ler o que penso, o que reflito, o que me vem à cabeça. Por outro lado, permite também uma troca, com participações, desde que sejam saudáveis.

Tentei me tuitar, mas achei muito sem graça. Onde já se viu permitir que uma pessoa utilize somente 140 caracteres para se comunicar com o mundo! Sei que tem gente que está conseguindo, e posso citar o Luiz Fernando Veríssimo, apesar de eu não o ter acessado ainda (mas, segundo minha filha, acabei de saber pelo seu comentário que o tuiter dele é lenda urbana!). As empresas de rádio-jornalismo também estão pipocando no tuiter e parece bom. Até andei comprando um livro sobre o tuiter, mas realmente não consegui me adaptar. Estou sendo seguido, assim como sigo um monte de gente, mas cadê tempo para rastreá-los? E o que se lê ali? Gente entediada com a vida, gente de mal com seu professor postando disfarçadamente seus reclames durante a aula, gente bocejando, gritos de alegria cujos motivos somente aparecem em 350 mensagens depois . . . uau! Receitas de culinária não cabem em 140 caracteres e muitos tuiters apenas utilizam seu espaço no tuiter para indicar sua página ou seu blog oficial! Pode?

Adoro o orkut! A proposta dele é muito simples e abrangente. Estão lá nossas fotos, nossos perfis (alguns bem mentirosos, até) e se quisermos falar com alguém, é só escrever uma mensagem de qualquer tamanho, sem restrição de caracteres, colocar video, animações e outras tantas coisas que nem sei usar ainda. Sem contar que no orkut encontramos gente que não vemos há anos. O orkut nos permite um congraçamento maior e mais direto. Nunca em meu aniversário tanta gente me mandou os parabéns, quanto os que tenho comemorado sob sua égide. Principalmente pelo fato que aniversario em 7 de dezembro e que no tempo de escola nessa data normalmente já estávamos de férias ficando difícil reunir os colegas. Comemorar com os colegas em aula, como fazíamos durante o ano com os anviersariantes do mês, nem pensar! Nesse aspecto, não sei quem tem a pior data de nascimento, se eu ou minha filha, que inventou de nascer em 31 de outubro, antevéspera do feriado de Finados, e que hoje se comemora o Halloween importado dos Estados Unidos (quando ela nasceu não se comemorava ainda essa festa aqui no Brasil). Acredito que todas as festinhas de aniversário dela foram comemoradas do feriado do dia 2 de novembro! Bizarrice pura!

Enfim, vamos lá! Espero construir novos textos com as contribuições que vierem dos leitores. Num jargão pedagógico contemporâneo, que este blog sirva para que dele se organize uma construção coletiva de idéias.